A Jornada da Maternidade Atípica: Reflexões e Reconhecimento
05/03/2024
Por: Ana
A Jornada da Maternidade Atípica: Reflexões e Reconhecimento
Em Março celebramos o Mês da Mulher e gostaria de compartilhar não apenas minha experiência profissional, mas também minhas reflexões pessoais sobre o que observo e presencio diariamente sobre a maternidade atípica e a experiência materna das responsáveis pelas crianças que por mim passaram até hoje
A maternidade atípica é uma jornada que transcende as narrativas convencionais. É um território onde as expectativas de gênero se mesclam com a realidade nada romantizada de criar e educar uma criança com necessidades especiais. Ao longo dos anos, testemunhei a força e a resiliência das mulheres que enfrentam esses desafios diariamente, mas também testemunhei o seu cansaço, a sua dor, toda a sobrecarga das imposições sociais do papel materno e também do papel de esposas.
Quando vemos, principalmente em datas comemorativas como essa, a exaltação da imagem criada de uma mulher que precisa ser uma "super mãe e esposa", alimentada por uma sociedade que muitas vezes exige perfeição e sacrifício das mulheres, me preocupo com como essas mulheres devem se sentir ao serem enaltecidas por tudo aquilo que as vem consumindo... Porque a verdade é que não há super-heroínas aqui, apenas mães reais, com suas lutas e triunfos, suas dúvidas e suas esperanças. É uma jornada que exige coragem, compaixão e, acima de tudo, autenticidade e acolhimento das suas dores individuais para além da maternidade.
Essas mulheres frequentemente carregam o fardo do cuidado parental sozinhas, pois esse foi o papel designado à elas pela sociedade, enfrentando uma pressão desproporcional para equilibrar as demandas da família, do trabalho e da vida pessoal. É uma carga pesada, muitas vezes acompanhada de culpa por não conseguir lidar com tudo como gostaria ou é exigida, levando à sensação de fracasso e solidão no seu sofrimento.
Por isso, neste mês da mulher, quero honrar e reconhecer as mulheres, mães e cuidadoras, que enfrentam estes e outros desafios da maternidade atípica e lembrá-las de que que suas histórias são profundamente inspiradoras e suas batalhas são dignas de reconhecimento. Vocês merecem mais do que aplausos passageiros em uma data comemorativa; merecem um apoio constante e uma rede de solidariedade que as sustente em seus momentos mais difíceis, da mesma forma que você sustenta todos ao seu redor.
E é nesse cenário, como psicoterapeuta, que eu vejo o poder transformador da terapia quando oferecida por alguém que compreende profundamente a realidade do autismo e das famílias atípicas. É num setting terapêutico especializado nas demandas particulares de uma família atípica que você encontrará um espaço seguro para explorar emoções, encontrar clareza e construir resiliência diante de todo esse peso que vocês costumam carregar sozinhas. É um lembrete de que não estão sozinhas, que há ajuda e esperança disponíveis.
Então, neste mês e em todos os outros, vamos lembrar de cuidar daquelas que dedicam as suas vidas ao cuidado de outros. Vamos celebrar a coragem, a vulnerabilidade e a beleza das mulheres e cuidadoras que iluminam o mundo com seu amor incondicional. E que possamos, aqui no Instituto MK, contribuir para criar uma comunidade mais compassiva com essas mulheres, onde todas se sintam vistas, ouvidas e acolhidas como merecem.
E para finalizar, hoje eu só quero que vocês se lembrem que quando sentirem que ninguém está vendo pelo o que estão passando, eu vejo vocês, vejo sua dor, seu cansaço e sua força. E que quando você mesma não conseguir se ver enquanto a mulher corajosa, sensível, humana e completa que você é, eu estarei aqui para que possamos juntas te levar a se enxergar, compreender e acolher novamente.