Embora a grande maioria das crianças cheguem aos profissionais de desenvolvimento infantil pelo atraso da fala (80%), essa não é a característica mais marcante do autismo, visto que, um percentual menor de crianças, podem não atrasar a fala. Por outro lado, todas as crianças e adolescentes do espectro autista apresentarão, em graus e apresentações variados, déficit da interação social recíproca, caracterizando o déficit da comunicação social, sintoma observado pelo profissional competente durante a avaliação em consultório. Via de regra não é necessário nenhum exame de sangue, nem tomografias de cérebro, para que o diagnóstico seja feito, ou seja, o diagnóstico é, salvo poucas exceções, clínico e feito em consultório.
Quando uma criança atrasa a produção verbal, ou apresenta outros problemas na linguagem, precisamos avaliar a comunicação social dessa criança, a qual é feita observando os meios não verbais, que são:
1. Olhar prontamente ao ser chamada pelo nome, mas não basta olhar e desviar rápido, a criança precisa sustentar o olhar demonstrando que tem interesse em trocar informações com o parceiro social;
2. Apontar o que deseja, mas esse apontar não pode ser apenas sinalizando o que quer emitindo gritos ou choro, precisa ser declarativo, ou seja, a criança transmiti com o gesto, para o parceiro social, sua intenção. Isso acontece quando a criança aponta olhando para quem executará a ação desejada, dessa maneira se forma um triângulo entre o objeto desejado e o parceiro social que executará o que ela aponta.
3. Usar gestos ou mímicas para transmitir um estado mental, por exemplo fazer carinha feliz ao cheirar uma flor, carinha ruim quando não gosta, fazer gesto com a mão no nariz para dizer que alguma coisa está com mal cheiro, responder que “sim” ou “não” dentro do contexto perguntado.
4. Imitação dos padrões sociais, como fazer de conta que está se barbeando, dando banho na bonequinha, telefonando para os parentes, passando as roupinhas, ou seja, o brincar de faz de conta e criativo.
5. A criança com déficit da comunicação social não tem muita iniciativa de entrar em contato ou chamar a atenção do outro, às vezes nem responde às tentativas do outro em entrar contato com ela, outras vezes responde quando solicitada, mas nunca tem a espontaneidade frequente de aproximar-se e contar o que aconteceu com ela na escola ou perguntar sobre coisas que quer saber.
Todas as crianças pequenas, até três anos de idade, precisam apresentar estes comportamentos que transmitem comunicação social, pois nesta idade elas apresentam riqueza e constância de comportamentos para compartilhar seus interesses e demonstrar suas intenções.
Se seu filho apresenta alguma dificuldade no comportamento descrito acima, procure um profissional especialista em desenvolvimento infantil, pois o autismo tem tratamento e, quanto mais cedo o diagnóstico e a intervenção precoce forem feitos, melhor e mais pleno do seu potencial a criança chegará.
Texto produzido pela Dra Ana Márcia Guimarães| CRM - GO 7003 | Qualificada em desenvolvimento e comportamento infantil | Vice-presidente da Sociedade Goiana de Pediatria.
Solicite atendimento